“Isto diz o primeiro e o último, que foi morto e reviveu: Conheço as
tuas obras e tribulação e pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos
que dizem ser judeus, e não o são, porém são sinagoga de Satanás. Não
temas o que hás de padecer. Eis que o Diabo está para lançar alguns de
vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez
dias. Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida. Quem tem
ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. O que vencer, de modo
algum sofrerá o dano da segunda morte” (Ap.2.8-11).
Esmirna significa mirra, que é a resina perfumada produzida pela árvore
de mesmo nome ao ser ferida. A mirra é usada na produção de perfume. Foi
também um componente do óleo da unção, na época de Moisés e um dos
presentes levados pelos magos ao menino Jesus. A substância tornou-se
símbolo de amargura e sofrimento.
O nome daquela cidade da Ásia Menor era bastante adequado à realidade da
igreja que ali se encontrava: um povo sofredor que, em meio às
aflições, exalava o bom perfume de Cristo.
“Conheço as tuas obras, tribulação e pobreza”.
Hoje, muitas pessoas têm um conceito fantasioso sobre o cristianismo,
como se este garantisse um mar de rosas ou um paraíso na terra. Aquela
igreja, como tantas outras, conhecia muito bem o trabalho árduo, a
tribulação e a pobreza, embora fosse espiritualmente rica. A igreja de
Laodicéia, ao contrário, era materialmente rica e espiritualmente
miserável. A riqueza material não é, em si mesma, maligna, mas o erro
está em colocá-la em evidência, tornando-a prioritária, como se o
evangelho estivesse a ela vinculado. É o que acontece com a falsa
doutrina da prosperidade. Certamente, alguns crentes atuais, se vivessem
naquela época, pediriam sua transferência para a congregação de
Laodicéia.
O Senhor mandou dizer aos cristãos de Esmirna: “Não temas o que hás de
padecer”. Além de tudo o que aquela igreja tinha passado, ainda viriam
mais tribulações. Contudo, em todas elas havia um propósito divino.
“O Diabo lançará alguns de vós na prisão”.
No meio da carta, existe menção a um personagem indesejável: Satanás.
Gostaríamos que seu nome não estivesse ali, assim como não queremos
considerar a possibilidade de sua interferência ou intromissão em nossas
vidas. Alguns irmãos até imaginam que possam estar muito distantes da
ação do inimigo. Entretanto, somos soldados, estamos numa guerra
espiritual, e a proximidade do inimigo não nos deve parecer estranha. O
Diabo lançaria alguns daqueles cristãos na prisão. Pode parecer incrível
que ele possa fazer algo assim na vida do crente, mas, nesse caso, o
fator determinante é a permissão divina em função dos seus propósitos
soberanos. O texto não está se referindo à prisão espiritual, mas
natural. Naquele tempo, o imperador romano estava perseguindo a igreja,
prendendo os cristãos e matando muitos deles.
Esse quadro é bastante contrário à cosmovisão de alguns crentes hodiernos que, baseados num conceito distorcido de batalha espiritual, supõem que repreendendo Satanás possam resolver todos os problemas da vida. Existem casos em que a repreensão é apropriada, como nas possessões demoníacas, por exemplo. Precisamos, porém, estar conscientes de que algumas situações são determinadas por Deus e não poderão ser evitadas ou interrompidas. Lembremo-nos da história de Jó que, por permissão divina, foi afligido pelo inimigo.
Esse quadro é bastante contrário à cosmovisão de alguns crentes hodiernos que, baseados num conceito distorcido de batalha espiritual, supõem que repreendendo Satanás possam resolver todos os problemas da vida. Existem casos em que a repreensão é apropriada, como nas possessões demoníacas, por exemplo. Precisamos, porém, estar conscientes de que algumas situações são determinadas por Deus e não poderão ser evitadas ou interrompidas. Lembremo-nos da história de Jó que, por permissão divina, foi afligido pelo inimigo.
“Para que sejais tentados.”
A expressão “para que” indica um propósito. Nada acontece por acaso na
vida do cristão. Muitas coisas vêm como consequência dos nossos atos,
outras ocorrem porque Deus tem um objetivo através delas. Nesse caso
específico, o propósito seria a tentação. Deus permite uma situação
adversa para que a tentação ocorra, pois ela é necessária na vida do
crente. Afinal, se Cristo foi tentado, por quê nós não haveríamos de
ser? Gostaríamos que todas as situações desagradáveis fossem evitadas, e
até oramos por isso. Entretanto, muitas dessas orações não serão
atendidas porque a tentação precisa vir.
Como a prisão poderia se tornar local de tentação? Aqueles cristãos presos seriam acometidos por pensamentos, reflexões e questionamentos a respeito da fé. Alguns deles perguntariam: “Por quê Deus permitiu isso? Eu sou filho dele, sou fiel, sou dizimista, sou servo do Senhor”. Não é o que acontece conosco? Quantos questionamentos vêm à nossa mente quando estamos debaixo da tribulação? Nesse momento, somos tentados a duvidar da presença de Deus e do seu amor para conosco. Nos piores momentos, somos tentados a negar a nossa fé e blasfemar contra Deus. Assim foi a tentação de Jó. A certa altura dos fatos, sua esposa lhe disse: “Amaldiçoa o teu Deus e morre.” Aquela foi a sugestão satânica nos lábios de uma mulher.
Como a prisão poderia se tornar local de tentação? Aqueles cristãos presos seriam acometidos por pensamentos, reflexões e questionamentos a respeito da fé. Alguns deles perguntariam: “Por quê Deus permitiu isso? Eu sou filho dele, sou fiel, sou dizimista, sou servo do Senhor”. Não é o que acontece conosco? Quantos questionamentos vêm à nossa mente quando estamos debaixo da tribulação? Nesse momento, somos tentados a duvidar da presença de Deus e do seu amor para conosco. Nos piores momentos, somos tentados a negar a nossa fé e blasfemar contra Deus. Assim foi a tentação de Jó. A certa altura dos fatos, sua esposa lhe disse: “Amaldiçoa o teu Deus e morre.” Aquela foi a sugestão satânica nos lábios de uma mulher.
“Tereis uma tribulação de dez dias”.
Algumas situações têm prazo determinado. É uma realidade bíblica. Como
exemplos, podemos citar os 7 anos de fome no Egito, os 400 anos de
escravidão dos israelitas e os 70 anos de cativeiro babilônico. Deus
determinou o tempo daquelas tribulações. O povo podia orar, jejuar e
expulsar demônios, mas o problema permaneceria até que se cumprisse o
prazo estipulado por Deus. Não podemos fazer uma regra nesse sentido,
porque muitos males podem ser resolvidos imediatamente, conforme vemos
em diversos episódios bíblicos. Entretanto, não podemos ignorar a
possibilidade dos prazos determinados, porque esta será a explicacão
para algumas orações não atendidas. Aquela igreja poderia orar, mas a
tribulação duraria dez dias, nem mais nem menos. Devemos orar sempre,
mas precisamos também pedir o discernimento ao Senhor para não tomarmos
atitudes e conclusões precipitadas. A tribulação continuará até que
tenha produzido os resultados para os quais ela foi permitida pelo
Senhor. Assim como Jesus não podia descer da cruz antes de sua morte,
também nós não poderemos interromper algumas situações que nos sobrevêm.
A lagarta não pode sair do casulo enquanto não se completar sua
metamorfose. Interferir no processo seria um desastre fatal.
O propósito da tribulação
Estamos diante de um aspecto que não pode ser plenamente compreendido ou
explicado. Contudo, podemos propor algumas reflexões sobre os
propósitos da tribulação. Paulo disse que a tribulação produz paciência,
experiência e esperança (Rm.5.3-4). As situações difíceis que
enfrentamos têm por objetivo nos ensinar muitas lições e desenvolver em
nós virtudes e habilidades que, de outra forma, não teríamos. O atleta
levanta pesos cada vez maiores afim de desenvolver seus músculos, sua
força e sua resistência. Da mesma forma, os desafios da vida podem nos
tornar experientes, capazes e maduros, mas esses resultados não são
alcançados por quem vive fugindo ou interrompendo seus exercícios.
Sabemos também que a tribulação revela quem é o falso cristão e quem é o verdadeiro, assim como, na parábola de Jesus, a tempestade testou os alicerces das duas casas.
Na igreja de Esmirna havia uma mistura, conforme percebemos no texto. A tribulação seria a prova. Dali sairiam os vencedores e os derrotados. Os falsos blasfemariam contra Deus, mas os verdadeiros permaneceriam fiéis. O Senhor já sabe quem é trigo e quem é joio. Entretanto, a prova é necessária para o auto-conhecimento e para o testemunho diante do mundo. Ser fiel enquanto tudo vai bem não causa nenhum impacto nos ímpios. Todavia, se somos fiéis nas piores situações, então nosso testemunho se reveste de uma força impressionante. Tal testemunho também fará calar o próprio Satanás que, conforme lemos no livro de Jó, vive nos observando e aguardando para assistir nossa infidelidade e nosso fracasso.
Sabemos também que a tribulação revela quem é o falso cristão e quem é o verdadeiro, assim como, na parábola de Jesus, a tempestade testou os alicerces das duas casas.
Na igreja de Esmirna havia uma mistura, conforme percebemos no texto. A tribulação seria a prova. Dali sairiam os vencedores e os derrotados. Os falsos blasfemariam contra Deus, mas os verdadeiros permaneceriam fiéis. O Senhor já sabe quem é trigo e quem é joio. Entretanto, a prova é necessária para o auto-conhecimento e para o testemunho diante do mundo. Ser fiel enquanto tudo vai bem não causa nenhum impacto nos ímpios. Todavia, se somos fiéis nas piores situações, então nosso testemunho se reveste de uma força impressionante. Tal testemunho também fará calar o próprio Satanás que, conforme lemos no livro de Jó, vive nos observando e aguardando para assistir nossa infidelidade e nosso fracasso.
Dez dias
Existe um aspecto positivo nesta medida temporal. O prazo nos mostra que
a tribulação não é eterna. Tal afirmação beira o óbvio, mas, muitas
vezes, nos sentimos e agimos como se o nosso problema nunca fosse
acabar. Deus está no controle. Ele já determinou um ponto final para
todo o nosso sofrimento.
Enquanto isso... espere.
Esperar é uma palavra cada vez mais abominável para o homem moderno,
cuja vida está repleta de recursos tecnológicos que oferecem resultados
imediatos. Porém, a bíblia nos ensina a ser como o homem do campo que,
ainda na atualidade, depois de semear, precisa esperar a chuva, a
produção da lavoura e o amadurecimento do grão.
Se Deus sempre nos atendesse imediatamente, resolvendo todos os nossos problemas, não precisaríamos de qualidades tais como a paciência, a perseverança e a longanimidade. Vemos, portanto, que, em muitas situações, precisaremos esperar. Aguarde o tempo certo, a melhor ocasião, sabendo que o Senhor tem a hora propícia para todos os propósitos. Por exemplo, existe o tempo adequado para estudar, casar, ter filhos, etc. A precipitação tem causado inversões indevidas, produzindo consequências graves na vida. Saber esperar é uma virtude, desde que não seja para sempre.
Se Deus sempre nos atendesse imediatamente, resolvendo todos os nossos problemas, não precisaríamos de qualidades tais como a paciência, a perseverança e a longanimidade. Vemos, portanto, que, em muitas situações, precisaremos esperar. Aguarde o tempo certo, a melhor ocasião, sabendo que o Senhor tem a hora propícia para todos os propósitos. Por exemplo, existe o tempo adequado para estudar, casar, ter filhos, etc. A precipitação tem causado inversões indevidas, produzindo consequências graves na vida. Saber esperar é uma virtude, desde que não seja para sempre.
Esperar como?
Muitos estão esperando o livramento, o fim da tribulação, mas, enquanto
isso, murmuram, reclamam, blasfemam, pecam. Esta não é a maneira correta
de esperar. O Senhor disse: “Sê fiel até a morte”. Espere sendo fiel.
Assim como Jó não blasfemou contra Deus, mas adorou, adoremos ao Senhor
em todas as situações. Outro exemplo maravilhoso é o de José do Egito
que, sendo escravo e prisioneiro, permaneceu fiel ao Senhor.
Palavras de esperança
A carta à igreja de Esmirna contém muitos elementos negativos:
tribulação, prisão, tentação e morte. Porém, vemos também ali palavras
do Senhor para confortar aqueles irmãos. Antes de tudo, é importante
ressaltar que Jesus é o autor daquela carta, e ele diz: “Conheço as tuas
obras, tribulação e pobreza”. Ele conhece; ele sabe de todas as coisas.
Nada lhe passa despercebido. Em alguns momentos, podemos pensar que ele
nos esqueceu, mas isto não é verdade. Ele nos contempla e conhece tudo o
que passamos nesta vida. Em todas as cartas às igrejas da Ásia,
encontramos este verbo: “conheço”. Jesus não apenas conhece, mas tem o
controle da situação. Por isso ele diz: “Não temas” (2.10). Não permita
que o medo domine seu coração, mas creia no Senhor.
“Dar-te-ei a coroa da vida”.
A caminhada do cristão pode ser árdua em muitos momentos, mas temos a
promessa gloriosa da vida eterna. Se formos fiéis e aprovados, seremos
coroados pelo Senhor. Qualquer interferência do inimigo terá sido
incidente de menor importância no meio do caminho. Jesus é o primeiro e o
último (2.8). Ele se apresenta como “aquele que foi morto e reviveu”.
Este é o modelo para a igreja. Ainda que sejamos mortos por causa do
evangelho, reviveremos para a vida eterna com o nosso Senhor Jesus
Cristo. A carta à igreja de Esmirna não serve como incentivo a um
“cristianismo” com enfoque terreno, imediatista e materialista, mas um
cristianismo segundo Jesus Cristo, que nos leva a pensar nas coisas
celestiais, em valores eternos, em vida eterna.
“Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas”.
Observe que esta frase fala “às igrejas” e não apenas à igreja de
Esmirna. Portanto, aquela carta é também para nós. Devemos meditar nela e
viver os princípios ali contidos, uma vida de vencedores para a glória
do Senhor Jesus
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