Evangélicos e Católicos e os Mega Templos da Fé
Jesus Cristo disse aos apóstolos,
segundo o Evangelho de Mateus: “...E sobre esta pedra edificarei a minha
Igreja”. Inspirados nessa passagem da Bíblia, há 1.600 anos os cristãos
erguem templos para louvar a Deus. No começo, eram simples e pequenos;
no Renascimento, esculturas e pinturas de mestres como Michelangelo e
Ticiano fizeram das igrejas palcos da grandiosidade do talento do homem;
no século XX, os templos católicos perderam esses adereços litúrgicos e
parte relevante de sua frequência. Agora, na primeira década do século
XXI, as igrejas de todas as denominações cresceram. Ganharam capacidade
de reunir, de uma única vez, dezenas de milhares de fiéis – a despeito
de inovações como a televisão, o rádio e a internet, que tornaram os
líderes das igrejas famosos e inventaram o exercício remoto e quase
impessoal da fé. Ao custo de centenas de milhões de reais, os
megatemplos se multiplicam nas grandes cidades brasileiras e atraem
multidões antes vistas apenas em shows e jogos de futebol. Como exibição
de fé, são verdadeiros monumentos a atestar o vigor do cristianismo
brasileiro. Do ponto de vista social, testemunham o enorme desejo de
participar que anima as multidões de fiéis. Se Deus está presente onde
duas ou três pessoas se reúnem em nome Dele, como diz a Bíblia, os fiéis
imaginam que sua presença será ainda mais intensa quando se reúnem 30
mil, 50 mil, 150 mil pessoas.
Megatemplos são construídos em todo o
país e por várias religiões: a Igreja Católica inaugurará em 2012 o
Santuário Mãe de Deus, para 100 mil pessoas, em São Paulo. Em Belo
Horizonte, Minas Gerais, a Catedral Cristo Rei vai abrigar até 25 mil
pessoas quando for consagrada, em três anos. Entre os evangélicos,
várias denominações prometem inaugurar suas megaconstruções. Em
Guarulhos, na Grande São Paulo, a Igreja Mundial do Reino de Deus
planeja construir a Cidade de Deus, para 150 mil pessoas. No Recife, a
Assembleia de Deus conclui o projeto de um templo para 30 mil pessoas.
Em Belo Horizonte, a Igreja Batista de Lagoinha planeja acolher num
mesmo teto 35 mil pessoas. “Os brasileiros têm necessidade de grandes
basílicas e catedrais, de lugares grandes para congregar e orar”, diz o
padre Marcelo Rossi, criador do Santuário Mãe de Deus.
O fenômeno é mundial e multirreligioso.
Estados Unidos, Coreia do Sul e Guatemala têm grandes templos. Na
Nigéria, a Winners Chapel (Capela dos Vencedores) acolhe 250 mil fiéis.
No islamismo, a ideia de que a multidão amplifica a experiência
religiosa é antiga. “Maomé diz que a oração em conjunto é 27 vezes maior
do que a oração individual”, afirma o xeque Jihad Hassan, presidente do
Conselho de Ética da União Nacional Islâmica, em São Paulo. Por isso,
as principais mesquitas do mundo árabe, em Meca e Medina, estão
frequentemente em obras de ampliação. A Mesquita do Profeta, em Medina,
na Arábia Saudita, foi aberta no ano 622 com capacidade para centenas de
fiéis – adequada à população da cidade, que girava em torno de 2 mil
pessoas. Hoje, Medina tem uma população de quase 2 milhões de pessoas, e
a mesquita pode abrigar 1 milhão de fiéis.
No mundo cristão, o fenômeno dos templos
multitudinários teve início na década de 1970, como reflexo da
popularização das igrejas evangélicas. No Brasil, começou nos anos 1980,
quando as igrejas evangélicas passaram a comprar grandes salas de
cinema abandonadas, com capacidade para até 2 mil pessoas. Dez anos
depois, surgiram edifícios religiosos como a Catedral Mundial da Fé,
sede da Igreja Universal do Reino de Deus, no Rio de Janeiro, que abriga
15 mil fiéis. A Igreja Católica, representada por seu ramo carismático,
reagiu – dentro de suas tradições arquitetônicas. “Um espaço que leve à
reflexão não pode ser confundido com um auditório ou ginásio. Um local
profano pode acomodar as pessoas, mas não ajuda na experiência
religiosa”, diz o arquiteto Ruy Ohtake, autor do projeto do Santuário
Mãe de Deus. A construção do templo é financiada pelo padre Marcelo
Rossi com o dinheiro de doações e da venda do CD e do livro Ágape
(publicado pela Editora Globo), que, juntos, já venderam 9 milhões de
exemplares.
Fonte: Revista Época | Divulgação: Midia Gospel
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