Os pais do menino de 15 anos vítima de
bullying na Escola Estadual Antônio Caputo, no Riacho Grande, em São
Bernardo, anunciaram ontem que vão processar o Estado por discriminação
religiosa.
O garoto, adepto do candomblé, sofre
retaliações dos colegas de classe por se recusar a orar. A prática é
incentivada pela professora de História Roseli Tadeu Tavares Santana.
Evangélica, ela utiliza os 20 minutos iniciais de aula para pregar
ensinamentos da Bíblia.
Integrante da comissão de liberdade
religiosa da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Jáder Freire de Macedo
Júnior assumiu a defesa da família. "Nossa prioridade é ajudar esse
menino. Caça às bruxas não é o caso agora, é necessário apurar quem são
os responsáveis. Mas temos de diferenciar educação religiosa de
catequismo."
A Diretoria Regional de Ensino da cidade
e a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de
São Paulo) argumentam que a professora segue o currículo escolar para
falar de temas ligados à religião. A Secretaria Estadual da Educação
começou a apuração preliminar de 30 dias para apontar sua decisão.
Ontem, a Vara da Infância e da Juventude
do MP também abriu investigação. Trabalharão em duas frentes. Uma, com o
promotor Jairo de Lucca, acompanhará os trabalhos da secretaria para
decidir se abrirá ou não inquérito contra Roseli. O foco prioritário, no
entanto, é a saúde do menino. A promotora Vera Lúcia Acayaba de Toledo
liderará campanha com vários órgãos públicos, entre eles Conselho
Tutelar, Sedesc (Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania),
Secretaria Municipal da Saúde e a própria Secretaria Estadual da
Educação para combater o bullying religioso na escola.
A professora Roseli compareceu à reunião
realizada ontem no Fórum de São Bernardo, mas ficou em sala separada.
Segundo o pai do aluno, Sebastião da Silveira, 64 anos, uma pessoa ligou
oferecendo vaga em outra instituição, mas a sugestão foi rejeitada.
"Meu filho vai continuar na escola. Ele vai ter de aprender a lidar com a
diferença e não criar uma dependência minha", disse.
O jovem tem ido às aulas e, nesta
semana, segundo o pai, sofreu novos ataques pessoais. Em avaliação, o
psicólogo disse que o menino teme viver em "pecado" e "ter de pedir
perdão a Deus". Aproveitando o feriado da próxima semana, Silveira vai
viajar com a família para esfriar os ânimos.
"Pelo menos o caso está sendo tratado.
Se de forma correta, o tempo vai dizer. Por enquanto, vejo intenção
grande de todos os órgãos em se fazer de tudo para apurar o que
aconteceu e ajudar esse e outros jovens", disse o advogado.
Fonte: Diario do ABC | Divulgação: Midia Gospel
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