Fiéis católicos expressaram choque sobre um escândalo que abalou o Vaticano e levou à prisão o mordomo do papa.
Os
clérigos e peregrinos que visitam a Basílica de São Pedro nesta
terça-feira expressaram choque sobre um escândalo que abalou o Vaticano e
levou à prisão do mordomo do papa, temendo que isso pudesse prejudicar
tanto o pontífice quanto a Igreja.
"É horrível e muito triste que
algo assim pode acontecer mesmo no coração do Vaticano", disse David
Kaberia, um padre de Meru, no Quênia, em pé sob o sol em uma fila que
serpenteia através de metade da Praça de São Pedro para visitar um dos
lugares mais sagrados do Catolicismo Romano.
"Este é um trabalho
interno por pessoas gananciosas e eu acho que vai inevitavelmente afetar
a Igreja em todo o mundo porque este é o centro do poder da Igreja",
disse ele à Reuters.
O escândalo explodiu na semana passada
quando, dentro de poucos dias, o presidente do banco do Vaticano foi
demitido, o mordomo do papa foi preso por vazamentos de documentos
confidenciais e foi publicado um livro alegando conspirações entre
cardeais e corrupção em negociações financeiras da Igreja com empresas
italianas.
"Esta é uma advertência para todos nós na comunidade
da Igreja, que só devemos cuidar de coisas espirituais e não sermos
corrompidos por questões de carreira, dinheiro e poder", disse o padre
Francesco, de Florença.
Relatos da imprensa italiana citando
delatores afirmaram que o mordomo, que teve acesso ao apartamento
privado do papa, foi apenas um bode expiatório em uma disputa pelo poder
na Santa Sé por trás dos bastidores e que a trama era muito maior e
mais ampla do que ele.
"Eu não estou tão chocado com a ideia de
que maçãs podres também existem na Igreja, pessoas que estão atrás de
dinheiro e influência", disse uma professora de Pordenone, no norte da
Itália, que deu seu nome apenas como Lúcia.
"O que me dói é que
isso pode chegar tão perto do papa, é um ataque contra ele, enquanto ele
deveria ser intocável", afirmou ela.
Os críticos do Papa Bento
16 dizem que uma falta de liderança forte abriu a porta para lutas
internas entre seus assessores poderosos e, potencialmente, para a
suposta corrupção em alguns dos documentos vazados.
Mas freiras e
padres que se misturam com milhares de visitantes comuns para ter um
vislumbre da imponente cúpula de São Pedro, desenhada por grandes
mestres italianos do Renascimento, incluindo Michelangelo, defenderam o
pontífice e disseram que esperavam que ele pudesse rapidamente passar
uma borracha sob a pior crise de seu papado.
"Nós todos nos
sentimos envolvidos, porque somos uma grande família. Mas, como a Bíblia
nos ensina, em cada família há um Judas, há a tentação e a traição, mas
também o arrependimento e o perdão", disse Estrella Villarán, uma
freira peruana com as Irmãs Franciscanas do Sagrado Coração.
"Este
é um teste para o papa, mas também uma oportunidade para relançar a
Igreja e torná-la mais forte", acrescentou ela, segurando uma cruz de
madeira na mão.
Jay Finelli, um sacerdote diocesano de Rhode
Island, nos Estados Unidos, rejeitou a preocupação de que o escândalo
pode causar danos permanentes à Santa Sé.
"A Igreja é composta de santos e pecadores, por isso só temos de orar e Deus vai resolver tudo isso", disse ele.
"Existimos
há cerca de 2.000 anos. Claro que as pessoas devem estar se perguntando
o que está acontecendo, mas nada pode destruir a Igreja. As portas do
inferno não prevalecerão."
Fonte: Reuters |
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